23.1.09

Samuel Fuller - Parte I

MATEI JESSE JAMES (1949): Logo no seu filme de estréia, Sam Fuller dá uma pequena demonstração do que seria o seu cinema de conflitos psicológicos e humanista. Filmado em apenas dez dias, o ambiente aqui é o de um western, mas a preocupação não é com o lendário herói do oeste, nem com o perigoso vilão rápido no gatilho. Fuller desconstrói seu protagonista, coloca densidade em seus passos e entra na mente do homem que matou Jesse James covardemente com um tiro nas costas. A cena do bar onde um sujeito canta a famosa canção sobre o ocorrido pode ser considerada a primeira antologia do diretor. * * * *

O BARÃO DO ARIZONA (1950): Também filmado em pouco tempo (precisou somente de quinze dias), é provável que não seja dos melhores filmes de Fuller, cujo resultado é até um tanto raso em comparação ao seu filme anterior, embora não deixe de ser um grande filme, principalmente quando temos como protagonista ninguém menos que o excepcional Vincent Price em início de careira, antes de se tornar um ícone do terror. Sua presença é essencial na jornada de um homem que tenta enganar meio mundo para se apossar do Arizona com documentos falsos. * * *

CAPACETE DE AÇO (1951): Primeira obra prima do diretor. Um melancólico e seco estudo de caráter humano onde o cenário da guerra (no caso, a da Coréia, é o primeiro filme sobre o assunto) é apenas um motivo para que as personagens sejam cuidadosamente apresentadas, exploradas e desenvolvidas ao máximo para extrair toda tridimensionalidade. Na verdade, nem existe aqui uma história definida com início, meio e fim, mas sim uma jornada que leva a um templo budista onde se passa quase toda projeção, um lugar que transcende o ambiente de guerra e dá um tom onírico que transforma o filme num exercício visual de sonho. * * * * *

BAIONETAS CALADAS (1951): A construção de personagens não chega à mesma intensidade que seu filme anterior (foram rodados no mesmo ano), embora ainda seja bastante psicológico e a caverna onde os soldados se reúnem consegue transmitir um ambiente tão onírico quanto o templo budista de CAPACETE DE AÇO. Mas aqui é onde Fuller dá uma aula de composição, de espaço cinematográfico, de como orquestrar seqüências de batalha de maneira visceral, crua, gerando um clima tenso que estrutura toda a narrativa. * * * *

PARK ROW (1952): Antes de se tornar cineasta, Fuller trabalhou como jornalista e é interessante como ele dedicou toda a essência de sua profissão neste seu único filme sobre o tema. É um dos seus trabalhos mais sinceros e infelizmente, pouco conhecido. Tanto que todo dinheiro - que saiu dos bolsos do diretor - utilizado na produção foi perdido totalmente. Filmado em estúdio, em apenas 14 dias, o filme também funciona como uma genial aprendizagem de trabalho de câmera e mise-en-scène. * * * *

3 comentários:

  1. Beleza!!! No aguardo da parte II

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  2. Pô, já viu tudo do Fuller??? Mas tá ai uma boa motivação para 2009: ver tudo dele até o final do ano!

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  3. Yeah! Só não vi o Verbotten e os filmes pós White Dog... não consegui encontrá-los! =(

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