14.11.12

WRONG TURN (2003 - 2012)

Nunca dei bola para a franquia de terror WRONG TURN, mas outro dia entrei num desses sites especializados em filmes de horror e vi que estava pra sair o quinto exemplar, e pensei comigo, “não é possível que os quatro anteriores sejam tão descartáveis pra ganhar mais um capítulo”. Portanto, separei dois minutos da minha vida para assistir ao trailer de WRONG TURN 5. E não é que gostei muito do que vi? Logo, como estava de bom humor, arranjei todos os filmes, e resolvi dar uma conferida na série inteira. Abaixo, alguns pequenos comentários, que podem ou não conter spoilers


O primeiro WRONG TURN, de 2003, dirigido por Rob Schmidt, não vai receber nenhum prêmio de criatividade, mas realmente me surpreendeu pela qualidade técnica. Na verdade, não era pra ter surpresa alguma, já que nos créditos iniciais surge o nome de Stan Winston como produtor, então era óbvio que no departamento de efeitos especiais e maquiagem, a coisa iria funcionar de maneira impecável. No entanto, o mais legal é que tudo vai muito além de qualidade técnica, o filme tem o espírito do horror rural dos anos setenta, pegando emprestado ideias de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA, QUADRILHA DE SÁDICOS e outros filmes da época.

Na trama, um sujeito está a caminho de uma entrevista de trabalho em outra cidade e decide tomar um atalho (oh, oh) no meio do nada. E quando você dirige no meio do nada não é bom tirar os olhos da estrada, correndo sério risco de bater em algo… Whoops! É o que acontece com o nosso amigão aqui. Seu carro vai de encontro com um outro veículo que pertence a um grupo de jovens que saiam para se divertir no campo, mas acabaram presos no local com os pneus misteriosamente furados. Como um bom horror teen, a maioria são jovens estúpidos e irritantes, mas pelo menos temos a delícia Eliza Dushku, de camisa branca apertadinha desfilando o filme inteiro…


Er… muito bem, não demora muito para o sangue começar a rolar quando uma família de freaks caipiras deformados e canibais resolve fazer os indivíduos de almoço, caçando-os floresta adentro como animais. Algumas sequências que surgem a partir daí são sensacionais, como as que se passam dentro da cabana dos deformados ou a cena dos galhos de árvores, quem viu sabe do que estou falando. O visual dos mutantes é interessante, muito bem feito, nada muito exagerado, mas grotesco o suficiente para inquietar, sem contar as suas habilidades em construir armadilhas e o manuseio do arco e flecha e objetos cortantes. Alan McElroy, que trabalhou muito com personagens em quadrinhos, como SPAWN, é o criador desses amistosos caipiras.

Passatempo curto, divertido, parece filme de aventura com elementos de horror e doses cavalares de gore sem frescura, que não se leva mais a sério que o necessário. Já havia me dado por satisfeito e pensei que WRONG TURN 2 seria apenas uma continuação besta, mas…


WRONG TURN 2: DEAD END, lançado cinco anos depois, foi feito diretamente para o mercado de vídeo. Demonstra desde os primeiros minutos que o orçamento diminuiu consideravelmente em relação ao anterior, que apesar da batuta do Stan Wiston, já era um produto independente. Mas também mostra a liberdade criativa que se pode ter quando se pensa numa sequência descompromissada e com o mesmo espírito do original. Sendo assim, o diretor Joe Lynch (CHILLERAMA) e seus roteiristas aproveitam para aumentar ainda mais o nível de gore, com algumas sequências de mortes bem elaboradas, e acrescentar uns peitos de fora, detalhe sempre bem vindo e que faltou no anterior. 


A trama de DEAD END evita o clichê “jovens perdidos na floresta”, os personagens estão, na verdade, participando de um reality show de sobrevivência, estilo “No Limite” e, por acaso, uma família de canibais caipiras deformados vive na região (mas não é mesma do primeiro filme) e resolve ir à caça.  Eles precisam botar comida na mesa, não é? O filme não tem muito a intenção de ser um terror assustador, no entanto é extremamente influenciado pelo O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA e o final possui um “jantar familiar” que remete explicitamente ao clássico do Tobe Hooper. E quase me fez colocar pra fora meu próprio jantar.


 

A dose de sangue no climax é realmente abundante em DEAD END, especialmente quando Henry Rollins - um dos destaques do filme, como apresentador do reality, uma mistura de lutador de MMA com o RAMBO - entra em ação, para salvar os pobres jovens que restam. Curiosamente, esses últimos sobreviventes não são exatamente os que esperamos encontrar vivos a essa altura do filme. Os roteiristas resolveram matar exatamente aqueles personagens construídos normalmente para sobreviverem até o final. Aí fica difícil não curtir a brincadeira. Acho que gostei até mais que o primeiro.


O terceiro episódio é o WRONG TURN 3: LEFT FOR DEAD, de 2009, dirigido por Declan O’Brien, que resolveu criar raízes aqui e ficou responsável também pelo quarto e o quinto. E ele começa bem, dentro do possível. Quero dizer, a sequência de abertura é muito boa, com dois rapazes e duas garotas relaxando no mato, após uma descida de rafting, bem à vontade, com direito a um topless de primeira qualidade.


Wow! Mas eis que os nossos estimados caipiras deformados canibais chegam para estragar a festa e temos aqui algumas mortes bem interessantes. Um ponto positivo deste terceiro filme é que a trama mais uma vez consegue variar do modelo tradicional. Dessa vez os personagens são prisioneiros e policiais que se deslocam pelas estradas num ônibus de prisão, sofrem um acidente causado por um carro de reboque no meio do nada e se transformam, como era de se esperar, em caça para os freaks rednecks.


No entanto, a coisa aqui deu um passo para trás em alguns departamentos. Primeiro, o roteiro é bem pior que o de costume, com diálogos medíocres e situações bestas. Geralmente esse tipo de filme possui essas características. Mas aqui vai ao extremo. A história não flui de maneira divertida como nos dois primeiros e após um início de arrebentar, entra num marasmo, com o grupo rodando pela floresta sem que aconteça muita coisa. Torna-se repetitivo, arrastado demais. Mesmo as cenas de morte que eventualmente acontecem não ajudam muito para melhorar o ritmo.


Outro problema são os efeitos especiais em algumas cenas. Como estamos carecas de saber, a tecnologia definitivamente não é muito bem vinda em produções de orçamentos risíveis. É nível da The Asylum ou do canal Syfy. Simplesmente ridículo. LEFT FOR DEAD melhora consideravelmente quando se aproxima do final, e começa a entrar no clima dos filmes anteriores, voltados mais para a aventura com elementos de terror, sem se preocupar muito em querer assustar. De repente se transforma num filme de ação encharcado de sangue e tripas, cheio de ideias que não são nada descartáveis. Mas no fim das contas, é fraco. Tem seus momentos e vale uma conferida para quem curte uma bagaceira. O problema é que o quarto filme vai pelo mesmo caminho…


O título WONG TURN 4: BLOODY BEGINNINGS (2011) já está associado a um provável início sangrento... Mas início de que? Bom, o quarto episódio da série, na verdade, é uma prequel e conta a origem dos canibais caipiras deformados lá do primeiro filme. Para isso temos um prólogo, que é um espetáculo, a melhor sequência da franquia inteira, que transcorre num sanatório nos anos 70 onde os três pequenos freaks vivem enjaulados. O legal é que eles conseguem escapar e tocam o terror no local ao som de Danúbio Azul. Uma coisa linda de se ver. O desfecho é com o diretor da instituição sendo violentamente desmembrado e… sem efeitos exagerados e toscos de CGI!!! Uma das coisas que desapontou no filme anterior foi o uso excessivo dos efeitos de computação gráfica para recriar gore. Aqui não há tanto, tem um pouco, claro, mas não incomoda. 


Então, saltamos no tempo até o ano de 2003 (o mesmo ano em que o filme original foi lançado), temos um grupo de jovens indo se divertir numa cabana no meio da floresta, com a diferença dessa vez é a paisagem é coberta de neve, e durante o percurso, oh oh, wrong turn! Acabam perdidos e vão parar justamente no instituto do prólogo, hoje “abandonado”. BLOODY BEGINNINGS tem uns detalhes agradáveis de se ver, como porexemplo a quantidade de peitos de fora, consideravelmente maior que nos três filmes anteriores. Há cenas até de lesbianismo que fariam Jim Wynorski se sentir orgulhoso.



O problema é lá pelas tantas, o ritmo começa a desandar, assim como no exemplar anterior. Declan O’Brien tirou pouco proveito dos corredores do sanatório e a tensão claustrofóbica que poderia construir… Claro, existem as boas e sangrentas cenas de morte, especialmente a que o grupo de canibais decide fatiar uma de suas vítimas ainda consciente, gritando angustiadamente. Mas é pouco para tanto marasmo e situações desinteressantes. E é curioso, porque dentre esses quatro primeiros filmes, BLOODY BEGINNINGS é o único que tenta realmente ser um exemplar de terror. Mas o resultado final também não é nada tão desprezível… Pra quem encarou os três primeiros seguidos, esse aqui desceu junto numa boa.

E chegamos ao último filme da série! Último por enquanto… daqui a pouco surge mais, enquanto render dinheiro para alguém. Se bem que WRONG TURN 5: BLOODBATH, lançado no mês passado no mercado de vídeo, não decepciona. Tem seus defeitos, mas mantém o nível de divertimento dos dois primeiros exemplares. Um dos motivos deste aqui ser tão legal é a presença de ninguém menos que Doug Bradley, o eterno Pinhead da série HELLRAISER, soltando várias frases boas, interpretando uma espécie de mentor para os caipiras deformados comedores de gente, ensinando-os a sobreviverem na floresta. É uma continuação direta do quarto filme, portanto, ainda é prequel do original.


Depois de dirigir os filmes mais fracos da série, finalmente Declan O’Brien acertou a mão, variando novamente com a história. Temos uma boa cena de abertura, com um casal de jovens fazendo sexo e levando um susto de seus amigos utilizando máscaras de caipiras deformados, porque estão à caminho de uma festa regional que celebra o misterioso desaparecimento da população de um vilarejo ocorrido há alguns séculos e no qual existe a lenda de que os habitantes foram devorados por caipiras canibais da época. Após uma confusão envolvendo Doug Bradley e os jovens, todos vão parar em cana. A trama se passa, então, durante esse festival, na delegacia de uma cidadezinha próxima e seus arredores, com os canibais deformados tentando libertar o Pinhead, aumentando ao máximos a contagem de corpos do filme e uma xerife gostosa tentando manter as coisas sob controle.


O roteiro é completamente desprovido de originalidade, mas não pára um minuto e consegue manter constantemente uma boa carga de tensão. Mantém também o bom nível de criatividade nas cenas de morte, como a do rapaz que tem as pernas quebradas à base da pancada e depois é atropelado. Há também uma cena na qual outro mancebo está enterrado apenas com a cabeça do lado de fora e um dos freaks utiliza um veículo de cortar grama para… vocês sabem. Me lembrou uma cena de CALIGULA, só que com mais sangue e realismo. O gore corre solto por aqui, tudo muito bem feito. E é sempre bom alertar o pobre espectador sobre a quantidade de nudez. Bem, para nós que gostamos de ver umas senhoritas atraentes despidas, BLOODBATH é um prato cheio.

Dito TUDO isso, não recomendo a franquia WRONG TURN pra ninguém. O que fiz foi uma loucura, porque até mesmo os bons episódios (1, 2 e o 5) não fazem grande diferença na vida de um apreciador de filmes de horror. Existem milhares e milhares de filmes bem melhores a serem descobertos por aí... É preciso estar muito no clima pra embarcar na série. Consegui entrar quando percebi que as sessões me fizeram sentir um pouco como na época de adolescente, quando pegava velhas fitas num fim de semana para ver e rever franquias de terror, independente da qualidade. Além disso, é um cinema ingênuo e muito simples, sem grandes pretensões, a não ser de proporcionar uns bons momentos de tensão, sangreira e mulher pelada. Portanto, particularmente, valeu a pena. Agora é esperar que o sexto filme se passe no espaço sideral!

12 comentários:

  1. Gosto mais do segundo do que do primeiro, mas achei o terceiro tão ruim que nem perdi meu tempo com os demais (que são do mesmo diretor Declan O’Brien que estragou o "Sharktopus").

    ResponderExcluir
  2. O O'Brien só acertou a mão mesmo no quinto filme.

    ResponderExcluir
  3. Ricardo Fontes14/11/2012, 14:57

    Olá Ronald,
    Você sabe se o 3º e o 4º saíram no Brasil em Dvd? Eu tenho os dois primeiros.

    Abs

    ResponderExcluir
  4. Olá! Rapaz, não sei dizer com certeza... mas acho que não. Dei uma busca rápida no google e não encontrei nada.

    ResponderExcluir
  5. Nossa, sempre passo aqui no blog e nunca comento. Mas parabéns, sempre ótimo.

    Aproveitando, se possível dá uma olhada no http://horroremblog.blogspot.com
    que tá fazendo o especial 30 dias, 30 filmes de zumbis.

    ^^

    ResponderExcluir
  6. Obrigado! Pode deixar que vou fazer umas visitas no seu blog. :)

    ResponderExcluir
  7. Acredita que eu só vi o 1º filme da série até hoje.
    Também, pelos roteiros dos outros que já li na Internet, nem sei se perdi muita coisa...

    ResponderExcluir
  8. eu gostei mais do primeiro os outros nem foram la essas coisas o terceiro foi uma porcaria ....

    ResponderExcluir
  9. pra que fazer tasntas criticas do filme se não gosta. ou isto me da raiva se não gosta pra que publiucar

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pra poder ler comentários de uns babacas como você.

      Excluir
  10. 1 filme- oitmo
    2 filme- bom
    3 filme- otimo
    4 filme- Legalzinho
    5 filme- Bom
    ...Agora é esperar pra ver se o sexto vai ser tão bom quanto os anteriores !

    ResponderExcluir
  11. Parabéns pelos comentários. Diretos, explicativos e bem humorados.

    ResponderExcluir