2.3.13

FANTASPORTO 2013 #2: RED SHOES (1948)

Às onze e meia da noite o Teatro Rivoli no centro do Porto estava cheio e a platéia ávida para receber uma carga do mais puro cinema. O filme? RED SHOES, conhecido no Brasil como SAPATINHOS VERMELHOS. Assistí-lo na tela grande foi uma experiência inesquecível, um espetáculo visual de rara grandeza, valorizado pela exacerbada paleta de cores em Technicolor fotografado pelo genial Jack Kardiff (que supervisionou a restauração do filme). Uma homenagem que o festival faz ao diretor Michael Powell que conduziu esse clássico absoluto de 65 anos em parceria de Emeric Pressburger.

O único filme do Powell que eu havia assistido antes foi PEEPING TOM (60), talvez mais propício ao FANTASPORTO por se tratar justamente de um suspense de serial killer. Mas RED SHOES possui seu toque mágico, surreal e enebriante na maneira de interpretar o conto de Hans Christian Andersen, construindo um estudo sobre obsessão ao narrar a ascensão de uma jovem bailarina e um promissor compositor no momento em que entram numa grande companhia de balé internacional. Mas o centro do filme é o empresário controlador da compahnia, Boris Lermontov, interpretado por um devastador Anton Walbrook. O ápice de RED SHOES é o deslumbrante número musical, a apresentação do balé que dá nome ao filme, colocado no meio da história. São dez minutos de um magistral exercício poético visual que descarta a linha que separa a fantasia da realidade criando imagens impressionantes. A explosão cromática, a performance dos atores, os efeitos especiais da época, um momento que não perdeu a força do seu impacto com o passar das décadas, dos mais arrebatadores que já presenciei dentro de uma sala de cinema.

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